Quando Sadio Mané chegou ao Liverpool, pouco o diferenciava de outros reforços que o clube havia se acostumado a contratar. Era talentoso, claro, havia tido boas temporadas no Southampton, mas ele não seria o primeiro a ter problemas com essa transição e o preço, pelo menos para aquela época, era salgado. Seis anos depois, poucos podem dizer que estão no patamar de Mané na história dos Reds. Poucos no futebol mundial podem dizer que hoje em dia são melhores que ele. Nesta quarta-feira, o senegalês foi confirmado no Bayern de Munique e se despede como uma lenda de Anfield, um dos maiores jogadores que o hexacampeão europeu já teve, um craque para os bávaros.
Duas coisas acabaram diferenciando Mané, começando naturalmente por ele próprio. Tinha um potencial enorme e nunca deixou de trabalhar para melhorar ano após ano. Aprendeu diferentes posições, da direita em uma primeira temporada em que catapultou o Liverpool à Champions League, à esquerda para acomodar Mohamed Salah, depois ao centro para encaixar Luis Díaz. Pau para toda obra, sempre ao serviço do time, talvez o mais completo entre ele, Salah e Firmino, o lendário trio de ataque que se desmancha.
O segundo fator é Jürgen Klopp. Os dedos de uma mão são mais do que suficientes para contar os jogadores que não atingiram ou superaram o seu potencial sob o comando do alemão. Mané foi a sua primeira grande contratação. De certa forma, a pedra angular do time que visualizava. Custou caro, à época o terceiro maior reforço do clube, e valeu cada centavo. Desconsiderando a inflação, o Liverpool até recuperou o valor investido. Foi vendido ao Bayern no último ano de seu contrato por € 32 milhões, com € 9 milhões em variáveis. No total, um pouco mais do que pagou.
E retribuiu com muitos momentos. Decidiu um dérbi contra o Everton aos 49 minutos do segundo tempo. Fez um hat-trick em seu primeiro jogo de mata-mata da Champions League. Um golaço contra o Bayern de Munique, dando um baile em Manuel Neuer, que ele escolheu como seu favorito pelo Liverpool. Em Kiev, após a lesão de Salah, foi quem chamou a responsabilidade, como tantas outras vezes, e deu um fiapo de esperança. Arrancou uma vitória essencial, novamente aos 49 do segundo tempo, contra o Aston Villa, a caminho da inédita Premier League. Teve mais um punhado de gols decisivos naquela campanha.
Em seis anos, Mané conquistou todos os principais títulos que poderia, com destaque para o Campeonato Inglês e a Champions League. Chegou três vezes à final europeia. Foi uma vez artilheiro da Premier League, ao lado de Salah e Aubameyang, e mesmo como goleador secundário, é o 14º da história do Liverpool, com 120 gols em 269 partidas. Além dos números, tem o mérito intangível de ter sido um dos líderes do período em que o clube recuperou seu protagonismo. E muito mérito porque foi o principal jogador em 2016/17, com mágicas atuações que contribuíram para a vaga na Champions, a barreira mais difícil de quebrar e o começo de tudo que viria em seguida.
“Desde o primeiro passo que ele deu aqui, ele nos tornou melhores”, disse Klopp. “Se alguém nos tivesse dito naquele momento o tanto que ele contribuiria e conquistaria por este clube, não tenho certeza se teria sido possível compreender. Não a escala, pelo menos. Sadio fez com que tudo fosse possível. Um dos maiores jogadores da história do Liverpool está indo embora e precisamos reconhecer o quanto isso é significativo. Ele vai com nossa gratidão e nosso amor. Ele vai com o status entre os grandes garantido E, sim, ele vai em um momento no qual é um dos melhores jogadores do futebol mundial”.
No outro lado da história, é esse o jogador que o Bayern de Munique contratou: um dos melhores. E ainda no auge e por um preço bem razoável para o mercado atual. Desde os declínios de Franck Ribéry e Arjen Robben, o Bayern procura algum jogador mais criativo de lado de campo que possa ser uma referência como eles foram. Mané certamente tem esse pedigree e pode ser muito bem complementado por Kingsley Coman, Serge Gnabry e Leroy Sané. Com a provável saída de Lewandowski, pode até continuar atuando como centroavante, mas deve se tornar o ponto focal do sistema ofensivo do Bayern de Munique.
“Como sempre digo, minha vida é sobre desafios e quando chegou (a proposta do Bayern) eu disse ao clube que queria sair. Eu queria ir para outro lugar para ter um novo desafio. Não é nada além disso. É apenas um desafio porque eu sempre quero me desafiar a melhorar e melhorar”, afirmou Mané. “Após cada um dos meus jogos em Munique, irei aos vestiários e vou assistir ao Liverpool, com certeza, porque serei o fã número 1 do Liverpool para sempre”.
Como esperado, com os três aproximando-se do fim de seus contratos, o trio de ataque que carregou o Liverpool a tantas glórias foi oficialmente desmontado. Agora começa uma nova era, com Salah, cujo futuro ainda é incerto, ao lado de Luis Díaz e Darwin Núñez, contratado como reposição a Sadio Mané, e Roberto Firmino em um papel secundário, se continuar em Anfield. Ao Bayern de Munique, também é um novo momento, com mais algumas contratações jovens e agora um jogador de primeira linha que o permite ter mais segurança para decidir o futuro de Lewandowski.
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